segunda-feira, 25 de junho de 2007

Devo visitar o Brasil?







__Eu trabalhava checando ingressos em algum dia de janeiro quando um skier me perguntou, em inglês:
__-De onde você é?
__Eu ainda não havia pedido pelo seu ingresso, nem falara com qualquer pessoa próxima a ele. Portanto, não fora pelo sotaque que ele percebera que eu era estrangeiro.
__-Como você sabe que eu não sou daqui?
__-Na verdade, eu não sabia que você não era daqui. Só quis começar uma conversa.
__-Ah... ok. Eu sou do Brasil.
__-Eu queria visitar o Brasil, mas está tudo muito violento por lá.
__-É verdade. Está mesmo.
__-E aí? Você acha que eu devo ir ao Brasil ou não?
__Viver uma rotina de paz foi uma das melhores partes da minha experiência como intercambista. Poder pegar o ônibus a qualquer hora e em qualquer lugar, chegar em casa a qualquer momento da noite, caminhar pela rua na maior escuridão, não precisar trancar a porta do alojamento... eu vivia a rotina que sonho que o Brasil possa ter um dia.
__Correr riscos tão altos de se perder a vida na mão de um assaltante sempre foi o que pesou mais nas minhas reflexões sobre sair definitivamente do Brasil. Disciplina pode atenuar muitos dos problemas com que os brasileiros convivem: adotar uma dieta saudável e exercitar-se regularmente pode evitar ter que enfrentar uma fila de hospital público; estudar muito pode garantir uma vaga numa universidade pública de qualidade; poupar pode garantir recursos para uma aposentadoria tranqüila e independente da miséria paga pelo INSS, ou pode resultar num bom capital inicial para quem não tem alternativa a não ser abrir um negócio depois de perder o emprego. Esses são todos problemas que acreditamos poder resolver com esforço e trabalho duro. Mas o que se pode fazer para se sentir seguro quanto à vida? Latrocínios acontecem dentro dos ônibus, dos bancos, na frente das universidades e das escolas. Bandidos pulam portões e arrombam portas de casas, invadem prédios e fazem dezenas de reféns dentro de seus apartamentos, atiram em policiais dentro de shopping centers. O Brasil é o país onde nasceu o seqüestro-relâmpago, o arrastão e onde o clima de medo tornou o cidadão vulnerável a um golpe tão grosseiro como o disque-seqüestro. E agora aquele americano preocupado com a violência brasileira me perguntava se era uma boa idéia visitar o meu país. Poderia eu dizer a ele que sim? Eu, que tantas vezes pensei em abandonar meu país por causa do perigo de se andar pelas ruas, mesmo que de dia? Respondi:
__-Não. Não visite o Brasil.
__O americano caiu na risada e pegou o teleférico. Meu colega de trabalho estava a alguns metros de mim, mas ouvira toda a conversa.
__-Renan, você está louco? Você confirma o que o cara diz! Não é tão perigoso assim. Você tem que fazer uma imagem boa do seu país.
__-Não. Tenho que dizer a verdade.
__Tenho que ser honesto ao descrever o meu país, mas não passei a imagem correta àquele americano. Mais de 3 milhões de estrangeiros visitam o Brasil anualmente e voltam inteiros aos seus países. Assim como acontecia com assaltos a brasileiros no passado, assaltos a turistas ainda aparecem nos noticiários, justamente por não serem tão freqüentes assim. Disse o que disse àquele americano por estar confuso ao viver num dos cantos mais seguros do mundo após ter vivido num dos cantos mais perigosos do mundo. O que lhe fazia ter medo de visitar o Brasil era justamente o que me faz ter medo de ficar no Brasil, e eu falhei em ser racional na hora de responder sua pergunta.
__Nos meses seguintes, quando me perguntaram se seria muito perigoso visitar o Brasil, respondi:
__-Você precisa saber aonde vai. Peça dicas aos guias locais para saber aonde você pode ir e aonde você não pode ir, e em quais horários. De preferência, tenha um amigo brasileiro com você, e não use relógios caros, roupas caras e brincos caros.
__É assim que vivo minha vida no Brasil. Ando atentamente e sem pertences pelas ruas. Sei em quais lugares eu posso andar com certa tranqüilidade, mas sempre com uma mão protegendo a carteira. Sei em quais lugares devo passar correndo e somente em caso de extrema necessidade, e sei em quais lugares não posso estar em hipótese alguma. Só depois de aconselhar muitos americanos a procederem dessa forma é que fui pensar em quantos brasileiros podem ter sido vítimas da violência tomando esses mesmos cuidados. Quantos seriam? Nenhum, dezenas, centenas ou milhares?
__Se algum dia um estrangeiro lhe perguntar se ele deve visitar o Brasil, lembrar-se deste meu conto pode ser útil para se encontrar uma boa resposta. Lembre-se das precauções que eu tomo para chegar em casa vivo todos os dias, e então procure saber se eu ainda vivo ou se já fui vítima da violência desse país.
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sábado, 23 de junho de 2007

Desculpas (3) e Boas vindas

Esta que vos escreve vem por meio desta humildemente pedir desculpas pela falta de posts novos. Planejo corrigir (é, eu sei, já prometi isso antes... estou virando política... :D) isso por esses dias. Enquanto eu enrolo vocês com promessas vazias, aproveito também a oportunidade para um comunicado.

A partir de hoje o blog tem um novo colabodor. Meet Renan Caleffi de Oliveira, um portoalegrense de 20 anos, estudante de Ciências Contábeis, que trabalhou nessa última temporada (2006/2007) em Big Sky, no estado americano de Montana. Ele vai ajudar a preencher os (muitos) lapsos entre meus posts com historias sobre a viagem e outras coisas. Agora, sejam educados e digam "Olá, Renan!" como a tia ensinou!

E eu sei que não mereço.... Mas... por favor, imploro... de joelhos... comentem!!!! ^^

Beijos aos meus amados leitores (em especial ao meu adorado anônimo. Estou com saudades!) e fui!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Mudanças nas regras do visto: parte 2

Quem tinha esperanças que as mudanças fossem apenas boatos de mau-gosto ou que o Consulado reconsiderasse, pode ir perdendo as ilusões. Na reunião prevista e realizada hoje, o Consulado não só confirmou as alterações comentadas como tratou de outras questões.


Datas do DS-2019
Não adianta chorar nem espernear. Não serão aceitas em hipótese alguma datas do DS-2019 fora do período de 15 de Novembro a 15 de Março. E essa regra será aplicada em todos os Consulados Americanos no Brasil.

Ex-participantes
Alerta a quem planeja viver de Work Experience. O Consulado será mais rígido nas entrevistas com quem já participou mais de duas vezes do programa. Eles consideram que o objetivo do programa é cumprido com uma ou duas participações. Porém, isso não quer dizer que o visto será negado, apenas que serão mais rigorosos.

Nível de Inglês
É bom ir treinando o inglês pois o Consulado avisou que quem não tiver nível de inglês de conversação no dia da entrevista pode ter seu visto negado. Let's practice!

As agências que participaram dessa reunião tiveram datas definidas para o Consulado, datas estas que serão divulgadas em Julho ou Agosto.



Agradecimentos a Claudio Chalom da BEX
Post original no Orkut

sábado, 9 de junho de 2007

Dúvidas: Qual a melhor cidade para se trabalhar?

Acredito que essa é uma das dúvidas mais frequentes das comunidades do Orkut. Muitos já responderam, muito bem, essa pergunta. Mas é uma pergunta válida e relevante, portanto, achei importante aborda-la por aqui.

Não existe uma resposta simples, direta e correta para essa pergunta. Isso acontece porque, assim como todas as outras etapas do programa, é uma decisão extremamente pessoal. E da maior importância. Afinal, é nessa cidade que você vai morar, trabalhar, fazer amigos, enfim, viver o programa. Escolha mal e a viagem dos sonhos pode não ser tão legal quanto você achou que poderia ser.

Mas como saber qual a cidade correta?

Não tem uma solução perfeita, mas acredito que a melhor é avaliar suas prioridades. Neve e esportes de inverno? Cassinos? Praias? Festas? Dinheiro?

Dependendo do que você quer, diversas cidades entram na lista e muitas outras saem. Lembrando que é praticamente impossivel encontrar uma cidade que junte TUDO o que é legal. Ou seja, dificilmente vai haver uma cidade com neve, snowboard, que tenha cassinos, muitas festas, cujo sálario seja fantastico e que poucos brasileiros conheçam. Você vai ter que optar, levando em conta o que você mais deseja.

Algo que vale ressaltar é a presença brasileira nos Estados Unidos. Basicamente, somos uma praga. :) Todos os lugares legais, mais ou menos legais ou escondidos tem brasileiros. Não vá esperando encontrar um lugar brazilian-free. É bem provável que ao menos outra pessoa tenha tido a mesma ideia que você. A decisão de conviver com esses brasileiros é sua. É perfeitamente possível fazer amigos americanos e sair apenas com eles. Afinal, muitos dos seus colegas de trabalho serão natives. E brasileiros sempre organizam as melhores festas. ^^

Para quem vai de self/walk-in, é sempre bom procurar um lugar com muita oferta de emprego e pessoas para dividir casa. Destinos turisticos, como as estações de esqui do Colorado ou da California, resorts, como os da Flórida ou ainda cidades grandes são todas boas opções.

Já para quem vai de job fair, a boa é pesquisar muito sobre todas as ofertas de emprego disponiveis. Como é a cidade, qual a opinião de pessoas que já trabalharam para aquele empregador, o que ele oferece, qual os cargos e salários, etc. Baseado nessas informações dá para ter uma noção das opções e não decidir na hora da entrevista.

Em resumo, a única pessoa que pode responder essa pergunta é o próprio intercambista. Então vista uma roupa confortável, arrume seu canto no pc e prepare-se para muita pesquisa e longas horas na frente do computador. Boa sorte!!! :)

sábado, 2 de junho de 2007

Mudanças nas regras do visto

Ao se pesquisar sobre o programa de intercâmbio Work & Travel, uma das primeiras informações que se encontra é que o programa pode durar entre 3 e 4 meses com uma prorrogação de 30 dias para viagens, o "Grace Period".

A data exata do visto é determinada no formulário DS2019 e é embasada na declaração de férias apresentada para a agência ou na declaração do próprio intercambista (vide Documentos: Declaração de Férias).

Porém agora isso mudou. Em comunidado via e-mail às principais agências que operam com esse tipo de intercâmbio, o Consulado Americano de São Paulo informou que o DS2019 só poderá ser emitido dentro de uma "janela" que vai do dia 15 de Novembro até 15 de Março, limitando assim a estadia dos participantes do programa.

Mas porque a mudança?

O programa J-1 Summer Work & Travel foi desenvolvido para que estudantes universitários entre 18 e 29 anos trabalhassem durante as férias. Porém, como o visto permitia um périodo de até quatro meses, muitos intercambistas trancavam a faculdade ou alteravam as datas de férias da faculdade para permanecer mais tempo nos Estados Unidos, prática essa que não é permitida, porém pouco fiscalizada. Até agora.

O Departamento de Estado americano decidiu mudar isso e como resultado, surgiu essa nova regra, visando evitar o desvio no proposito do programa. Após diversas pesquisas e reuniões, chegaram a conclusão que nenhuma faculdade brasileira extende seu periodo de férias para além do dia 15 de março, data essa que ficou marcada como data limite para o fim do DS2019. Porém, se a data de férias está fora do período permitido, seja em função de greve ou outro motivo,ela pode ser alterada desde que se comprove o fato no consulado.

Com relação ao Grace Period é pouco provável que ele seja cancelado, pois é comum a todos os tipos de visto J-1, não apenas aos do Summer Work & Travel.

Lembrando ainda que essa informação ainda não é oficial, devendo ser comunicada oficialmente ou não na reunião do consulado com as agências.



Agradecimentos a Felipe da Intercultural e Claudio Chalom da BEX